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quarta-feira, 11 de março de 2015

A proeminente necessidade de encerrar ciclos


Tenho necessidade de encerrar ciclos, é um desejo tão latente, que por vezes me entristece, me angustia. Quando e aonde isso começou? Não sei responder de bate-pronto, todavia, desde que me entendo por gente não aprecio a sensação de deixar rabichos. Necessito dos pingos nos “is”, das perguntas e suas respectivas respostas.

Vivo melhor quando sei as etapas do processo, quando há planejamento. Pensando bem, jamais seria pesquisadora, como aqueles pesquisadores das reportagens “depois de trinta anos de pesquisa eis a conclusão que chegaram”. Misericórdia, me dá até taquicardia, pensar que ficarei debruçada em um mesmo projeto por três décadas. Sei perfeitamente que são graças a estes nobres profissionais que há a cura para diversas doenças e descobertas inovadoras dignas de Prêmio Nobel, mas, definitivamente, não é para mim.

E como tudo na vida tem os prós e contras, este meu lado, início, meio e fim, tem uma grande vantagem, sou desapegada, sim, no sentido mais literal da palavra, desprendida, das coisas, lugares e pessoas. Se é para terminar, que termine logo, se a doença é incurável, não há medicação no mercado capaz de dar uma vida digna a este ser humano, sem sofrimentos, o melhor é a morte o mais breve possível. Se é para ir embora, que vá, leve todos os seus pertences e preferencialmente nem olhe para trás.

E comigo não tem essa de ficar remoendo, guardando mágoa, de um jeito ou de outro as coisas precisam e devem ser resolvidas, caso não seja possível pelo amor, será pela dor mesmo, e se é para sofrer que soframos logo tudo de uma vez, nada de sofrimento em doses homeopáticas, porque vim a este mundo para ter vida e vida em abundância, e consequentemente ser feliz.

As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente terminem, colocando o devido ponto final, isso mesmo, ponto final e não reticências, nada contra elas, entretanto, todas às vezes que as vejo em um livro, texto ou frase me vem aquela sensação de inacabado. Faz-se necessário deixar as coisas realmente irem embora e se abrir para o novo.

Experimente encerrar ciclos, organizar os armários, a papelada, a casa, o coração, as contas, a sua vida. “Não por causa do orgulho, por incapacidade ou por soberba, simplesmente porque aquilo já não se encaixa mais na sua vida.”

“Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira”, faça isso em um cômodo de cada vez, em uma pasta por vez, não adianta abrir várias frentes de trabalho e deixá-las inacabadas ao longo do caminho.

“Deixe de ser quem era, e transforme-se em quem é ou gostaria de ser”, mas comece devagar, como diz a poeta, porque a direção é mais importante que a velocidade.

Desapegar-se, é renovar votos de esperança de si mesmo. É dar-se uma nova oportunidade de construir uma nova história melhor. Liberte-se de tudo aquilo que não tem te feito bem, daquilo que já não tem nenhum valor, e siga, siga novos rumos, desvende novos mundos. A vida não espera. O tempo não perdoa. E a esperança, é sempre a última a lhe deixar, já dizia Fernando Pessoa.