Quando eu era criança o meu sonho era ser astronauta, penso cá eu com meus
botões que toda criança um dia quis ser astronauta. Queria viajar, viver
sozinha, ter a minha própria vida e independência longe da minha família. Até
hoje eu gosto da sensação de estar em algum lugar que ninguém me conhece, isso
me dá oportunidade de recomeçar, de reescrever o meu livro da vida, e o que
estou escrevendo aqui não é segredo para ninguém, eu realmente pensava que
sozinha eu iria mais longe, seria mais fácil.
Nunca acreditei que eu
precisasse de ninguém, que sempre daria conta do recado e as minhas dores e
saudades eu maculava, preenchia com outras coisas, outros sonhos, outras
pessoas. "Na verdade, aprendi a ser amiga da saudade. Bem da verdade, essa
é quase uma imposição para quem resolve viver fora de casa, me dei conta disso
bem cedo, quando juntei minhas tralhas em um saco de pano e fui viver longe dos
meus pais, irmãs e amigos, aos 14 anos. Às vezes, sinto que minha alma resolveu
viver essa amizade meio que como uma defesa para não sofrer esse conflito: o
corpo querendo voar mundo afora e o coração sem sair do lado de quem se ama e
quer bem."
Fui morar a 3.600 km de
distância da minha família e quando as pessoas me perguntavam "como você veio parar
aqui?" Eu respondia: uma tia minha me perguntou aos 9 anos se quando eu
terminasse o 2º grau, naquela época ainda se falava assim, se eu gostaria de
sair do Pará onde morava e vir para Minas, nem pestanejei, disse que sim. E
guardei esse sonho no meu coração durante quase 5 anos. No dia de vir embora,
fingi estar superbem resolvida, não gostava de demonstrar meus sentimentos,
chorei muito, mas falava que nunca mais voltaria a morar em minha terra, que
para trás não se anda nem para pegar impulso.
Fui morar com meus avós
maternos, fiquei com eles durante 07 anos, não foi uma convivência pacífica
mesmo porque eu estava na adolescência e eles na terceira idade. Entre mortos e
feridos estamos todos salvos e sou muito grata à eles, exceto minha vó, tadinha,
que já faleceu.
Nesta cidade fiz o
magistério e na cidade vizinha fiz faculdade de Pedagogia, depois que concluí o
curso, vim para BH, aí sim, estava assinada minha carta de alforria, aos 21
anos eu era independente financeiramente e emocionalmente, fui dividir apto com
uma pessoa que nunca tinha visto na vida. Senti tanta liberdade, imaginem,
sozinha em BH, sem pai, nem mãe, sem eira e nem beira. Era a glória. Foi bom,
fui feliz, sofri muito, mas foi bom, até o sofrimento foi um sofrimento bom.
Como diz o rei Roberto Carlos “se chorei ou se sorri, o importante é que
emoções eu vivi...”
Para encurtar a história,
depois de 16 anos e meio voltei à minha terra, convivi por 10 dias com as
minhas irmãs e o meu sobrinho e descobri como é bom ter família, como é bom ter
gente com o mesmo sangue da gente ao nosso lado, que nos conhece desde que
nascemos.
O meu coração explodiu de
alegria ao revê-los, foi uma emoção tão grande que não sei nem explicar. E
estar com meus amigos de infância, meu Pai do céu, isso não tem preço, estes dias
foram os mais felizes de toda a minha existência, sou exagerada, né, mas emoção
igual àquela, senti poucas vezes.
Fui em todos os lugares de
quando era criança, visitei todas as casas que morei, a minha escola, a minha
cidade, o meu povo, a minha gente. Que emoção, que orgulho.
E o mais engraçado é que eu
não queria ser nada, eu não queria ser a pedagoga, nem a advogada, muito menos
a profissional X, Y ou Z, eu só queria reviver, viver novamente, sendo bem
redundante, viver mais uma vez a emoção de estar em família e entre amigos.
Não me arrependo de ter
ficado tanto tempo sem ir lá, acredito que fui na hora certa, fui quando deu
parar ir, também não sou de ficar remoendo muito as coisas não, sou de levantar
a cabeça, sacudir a poeira, dar a volta do jeito que der para dar e seguir em
frente, pois para frente é que se anda. E como eu sempre gosto de falar,
chora e anda, pelo menos quando parar de chorar e andar, estará em algum lugar.
E meu povo, foi excelente,
mesmo porque não tenho uma máquina do tempo, para trás não se volta, então é
melhor aproveitar o presente. E como aproveitei, foi melhor que banho de chuva,
melhor que mamão com açúcar, melhor que algodão doce.
“Se tem uma coisa que esta
visita me proporcionou foi a possibilidade de repensar as relações das quais me
separei quando mudei. É realmente incrível como conseguimos nos enxergar melhor
em determinado contexto do que quando estamos fora dele. Neste curto espaço de
tempo repensei meus laços familiares, amizades de hoje e de ontem, desatei nós,
entendi porquês, curei feridas, senti a importância das pessoas, dos meus
amigos e da minha família e reavaliei meu lugar na vida delas e o lugar delas
na minha vida.”
Há um mês voltei de viagem
e todos estes dias eu quis estar perto deles, estar com eles, estar entre eles.
Uma saudade que dói o peito, todo dia dou um jeitinho de conversar com minha
irmãs pelo face, por skype, por telefone, adicionei no facebook todo mundo da cidade, independente de conhecer ou não a pessoa, e também criei um grupo com o nome da vilarejo e coloquei todo mundo lá, isso é só uma forma de estar perto, de saber das novidades,
pois “saudade é palavra triste quando se perde um grande amor, na
estrada longa da vida eu vou chorando a minha dor.”
Encerrando, dedico este post às minhas 03 irmãs, ao meu sobrinho e aos meus amigos de infância, pois vocês são parte integrante da minha história, eu os amo e quero cada dia mais estar ao lado de vocês, para que nossas vidas novamente se entrelacem e se permeiem do mais puro e genuíno amor.
Encerrando, dedico este post às minhas 03 irmãs, ao meu sobrinho e aos meus amigos de infância, pois vocês são parte integrante da minha história, eu os amo e quero cada dia mais estar ao lado de vocês, para que nossas vidas novamente se entrelacem e se permeiem do mais puro e genuíno amor.
3 comentários:
Sensacional. Emocionante. Lindo!!!
Lindo! Fiquei emocionado! Ricardo Bergamim Belique
Sobre este post, me lembrei desta frase: para estar junto não precisa estar perto e sim do lado de dentro! Não sei quem é o autor. Agda.
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