"Chorou muito? Foi a limpeza da alma. Ficou com raiva
das pessoas? Foi para perdoá-las. Acreditou que tudo estava perdido? Era o
início da tua melhora." Carlos Drummond de Andrade
Mágoa, em uma de suas
interpretações, vem da fusão de duas palavras: má + água = água ruim.
A mágoa é um sentimento de
desgosto, decepção, tristeza, chateação. É destrutivo, opressor, age como uma
doença que corrói o ser humano de mansinho e silenciosamente, e se não for
tratada desde o início, se o mal não for arrancado pela raiz, poderá resultar
em doença.
Acondicionar mágoa é
prejudicial ao corpo, à alma e ao espírito. Fazendo uma analogia, é como se
mágoa fosse um recipiente com água suja, barrenta e que com o tempo se
transformasse em lodo. Se o destinatário da mágoa for alguém que a gente gosta,
é dor na certa, na gente mesmo. Para que isso não ocorra e para que a água possa
se tornar novamente límpida e cristalina somente colocando água limpa dentro do
mesmo, quanto mais água limpa, mais translúcido o líquido ficará.
Segundo John Keats “o
prazer visita-nos muitas vezes; mas a mágoa agarra-se cruelmente a nós”, entretanto,
a mágoa, assim como os demais sentimentos, precisa de permissão para habitar o
nosso interior, pois nada acontece sem consentimento, e alimentar qualquer tipo
de sentimento em nós é escolha, opção, caminho.
Então, qual o caminho para
o iniciarmos processo de cura? O tempo é um deles, além de tempo, reconheça o
erro, peça desculpas, perdão. Todavia, o magoado deve dizer claramente o motivo
da mágoa e não ficar imaginando que o outro sabe, ainda mais se a mágoa não foi
gerada diretamente e sim movida pela fofoca e maledicência.
Perdoar e liberar perdão
para alguém que nos magoou ou magoamos nos traz um livramento, é como se assinássemos
uma carta de alforria. Agora, se o magoado não quiser perdoá-lo, não há o que
fazer, portanto o fardo não será mais seu e sim dele.
Monica Buonfiglio esclarece que o “perdão
beneficia mais a nós mesmos do que ao outro que nos ofendeu, é um processo mais
interno do que externo; é compreender que você é responsável por sua percepção
e aceitação da vida. Quando perdoamos, não significa que estamos "deixando
pra lá" o que ocorreu; a principal lição que devemos aprender é que não
cometeremos o mesmo erro com o "nosso próximo".
O primeiro passo é decidir quando perdoar e isso não
é fácil, pois significa aceitar o comportamento reprovável do outro. Por fim,
evite colocar-se no papel de vítima. Perdoar faz com que a vida mude; simboliza libertar-se; "morrer" para uma determinada situação
e "renascer" para outra. É retirar do dia-a-dia um sentimento ruim,
um fardo.
A raiva e o ódio são venenos e o perdão o antídoto.
Quem se perde na raiva e/ou na culpa, torna-se um prisioneiro debilitado.
Guardar ressentimentos significa que você é incapaz de superar o que aconteceu.
Quando alguém diz: "não perdoarei, quero mais que o outro morra",
implica na ilusão de crer que você é perfeito, denotando sua total falta de sensibilidade.
Esquadrinhe o seu coração e veja se de fato, este comportamento
que você reprova e que está doendo tanto já não foi repetido por você mesmo, algumas vezes, com pessoas ao seu redor, sendo você também disseminador de
mágoas, dores e emoções tóxicas.
Comece o dia perdoando! Faça do perdão um exercício contínuo, diário, repetitivo e decidido. Perdoe
as pessoas! Todas elas, as de hoje, as de ontem e até seus antepassados; assim
como gente que você nem conhece e nem nunca ouviu falar. Perdoe, porque somente quem libera perdão e perdoa sabe o que é paz!
Perdoe para ter saúde, para
ter a pele mais limpa e suave, para diminuir as rugas e desfranzir a testa, para
cultivar o sorriso e ter as portas da vida abertas!
Reconcilie-se com a vida,
com tudo e com todos. Comece por você! Perdoe-se para ser mais feliz!
Um comentário:
Como sempre ótimos seus textos Érika! Nessa questão do perdão é muito mais fácil falar do que fazer, mas é isso aí, temos que começar logo a colocar em prática! Bom retorno à vida real querida! Livia Barakat
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