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segunda-feira, 27 de julho de 2015

Ligeiramente grávida!

 

Estou grávida. Foram exatos 38 anos antes disso de uma vida muito boa sem a menor vontade de ter filhos.

E, do nada me vejo grávida, com um ser humano crescendo dentro mim. Vocês devem estar se peguntando, como assim, do nada? Sim, meus amigos, à princípio eu não queria ser mãe, ter filhos, a simples possibilidade de pensar nisso me tirava o fôlego, tinha certeza absoluta que não tinha dom, não havia nascido para a maternidade, e o tal do "para sempre", "filho é para sempre", me deixava completamente desprovida de chão, de ar.

Todavia a idade foi chegando e o medo também, resolvi depois de muita conversa com meu esposo que pararia de tomar anticoncepcional, então como comprava em estoque, disse, assim que estes acabarem, não compro mais, e os mesmos terminaram em março deste ano. Só que o remédio acabou e eu não me empenhei em engravidar, se é que vocês me entendem. A vida continuou e eu vivendo, tipo assim, se não engravidar, não é culpa minha, nem estou tomando remédio mais, Deus é que quis assim.

Saí de férias, vida normal, nem pensando no assunto gravidez, mas, digo, que fui passada para trás, eu não pensava, mas meu marido sim, calculou tudo, fez tabelinha e "batata", voltei de férias grávida depois de 15 dias viajando.

Eu desconfiei logo no início, na quinta semana de gravidez eu já sabia, ainda era embrião, aparentemente nada de mudanças corporais, fiz um teste de farmácia e deu negativo, estava cedo demais, mas não me convenci, tinha certeza que estava grávida, conheço a mim mesma e ao meu corpo. Na mesma semana fiz outro e o resultado foi positivo, meu DEUS, que desespero, comecei a chorar, chorei, me angustiei, desesperei e depois disso me ajoelhei, consagrei aquela nova vida a DEUS e a minha cabeça não parou mais de funcionar. Pensei cá com meus botões, o que será de mim agora, sem mãe, sem pai, sem minhas irmãs por perto, não tenho ninguém, só o marido, estou perdida.

O resultado do exame foi numa sexta-feira à noite, o primeiro final-de-semana depois disso foi com a minha mente funcionando numa velocidade de 300 km por hora, não consegui mais dormi, o estresse me tira completamente o sono. Aí, você planeja mil coisas para anunciar a gravidez de um jeito inovador e surpreendente para o esposo, todavia o máximo que consegue fazer é chorar.

Só contei para três amigas e pedi segredo absoluto, porque precisava desabafar com alguém. Eu queria que a gravidez ficasse natural para mim primeiro para depois contar aos amigos, mesmo sabendo que o carinho e a alegria seriam enormes, são muitos os hormônios, assim como os mais variados tipos de sentimentos, para todo dia ter alguém perguntando se você está feliz, se prefere menino ou menina, se já começou a pensar no quartinho, mais isso ou aquilo, se o que você mais deseja é sossego e conseguir terminar uma refeição sem vomitar pelos corredores do restaurante, além de ter uma excelente noite de sono.

Qual foi meu primeiro e maior receio: engordar demais e passar a pesar cem quilos. Como já engravidei com o chamado sobrepeso, isso é motivo constante de preocupação. E por que não emagreci antes? Não consegui, fiquei um ano tentando emagrecer, deveria ter emagrecido 13 quilos, eliminei dez, depois engordei 5.

A maioria das mães dizem que engravidar é mágico, que começam a enxergar tudo mais colorido, que tudo fica mais bonito. Nada disso aconteceu comigo ainda, infelizmente, a realidade nua e crua começou a bater a minha porta incansavelmente e eu passei a ter diariamente pesadelos, sim, pesadelos, horrorosos, daqueles de acordar gritando.

O famoso sono que toda grávida tem, sumiu, uma insônia e desassossego tomaram conta do meu ser.

Comecei a vigiar, inclusive o que pensava, além do que comia e bebia, não me permitia pensar nada de ruim e acreditava que tinha obrigação de dar saltos e cambalhotas de alegria. Só que não, nada disso estava acontecendo comigo. Com isso, cobranças e mais cobranças.


E assim, os mitos vão sendo desmistificados. Eu acreditava que grávida só enjoava pela manhã, ledo engano. Sabe de nada, inocente! Eu enjoei com cheiro de comida, perfume, tudo que podem imaginar, a vontade era de sumir, mudar para outra galáxia.

Depois, a quantidade de vômitos, como eu passei muito mal e vomitei bastante, tinha vezes que eu pensava, este bebê sairá pela boca e descerá vaso abaixo.

Pensam que acabou por aí, não, e as enxaquecas, tive quatro crises horrendas, daquelas de ir parar no hospital tomar soro e coquetel de injeções na veia, já que a única coisa que grávida pode beber é paracetamol e o mesmos não resolviam o problema, tamanha a dor, parecia que a minha cabeça iria explodir. E uma amiga minha dizia, você tem que sublimar, aprender a conviver com a dor, pode ser fraqueza, as mais fortes que me perdoem, todavia depois de três dias e três noites com uma dor insuportável, e eu quase enlouquecendo, fui para o hospital e o alívio foi imediato.

E eu pensava, como serão estas quarenta semana de gravidez, se nestas primeiras eu já não tenho mais controle sobre mim. A barriga já está saliente, vou ao banheiro toda hora, antes deitava e dormia, não levantava para fazer xixi, agora não tenho mais controle, mal deitei, tenho que levantar para ir ao banheiro, os seios estão maiores e muito doloridos (o restante da descrição não foi aprovada pela censura, leia-se, marido, então apaguei), meu quadril que já era grande está enorme, minha pele ressecada. Ademais, parece que estou pesando cem quilos e que a qualquer momento irei explodir feito a Dona Redonda. Diante de tudo isso, mentalizo, vai passar, "são os hormônios" e você está somente na oitava, nona, décima semana. Até meditação on-line eu tentei fazer, assim como curso de grávida pela internet, tudo para tentar distrair.

O início de uma gestação é bem desestabilizador, as informações são inúmeras e chegam aos montes, como enxurrada e a única coisa que você consegue enxergar pela frente é mulher grávida e criança.

O que mais me incomodou neste início? Em primeiro lugar a quantidade de exames, já no primeiro pedido de exames de sangue foram retirados de mim 17, isso mesmo, dezessete tubos de ensaio, tudo que puderem imaginar foi pedido e examinado, graças ao meu bom DEUS tenho um excelente plano de saúde.

Segundo, a quantidade de vezes que você vai ao médico, e como a cabeça não para de funcionar lembrei que meu sangue é O negativo e que meu marido é A positivo, daí já tinha ouvido em algum lugar que se os sangues são incompatíveis necessita-se fazer mais um tipo de exame, o chamado "coombs indireto", fui novamente para o consultório da médica, pegar mais um pedido de exame, voltar ao laboratório para furar mais uma vez o meu braço e tirar mais um tudo de ensaio de sangue, este deve ser feito mensalmente.

Com todos os exames em mãos, inclusive o que comprovava a gravidez, vou para mais uma consulta com a ginecologista, uma hora na sala de espera e mais uma hora e meia dentro do consultório, um zilhão de informações me foram passadas, mais pedidos de exames, ultrassons, dicas de sutiãs, meias de compressão, que tipo de lingerie utilizar, nada sexy, muito pelo contrário, tudo muito feio e sem cor, que tipo de hidratante corporal, além do mais saí de lá com um cartão de pré-natal mais uma lista com indicações de livros, sites e inúmeras outras dicas. Aff, depois disso tudo estava morta e só conseguia pensar, aonde é que fui amarrar a minha égua!

Além do medo, angústia, prostração, enxaquecas, enjoos, dores nos seios, cansaço, falta de ar, insônia, sensação de estar o tempo todo empanzinada, o que teve de bom e interessante em ficar grávida? Até o presente momento a única coisa que gostei e fiquei realmente emocionada foi com o primeiro ultrassom, onde você vê o seu bebê e ouve momentaneamente e muito rapidamente o coraçãozinho, no mais foi cansaço e mal-estar.

Contudo pelo que tenho lido, tempos melhores virão. Estou com 13 semanas, terminei o primeiro trimestre de gravidez, entrei oficialmente no segundo, agora "todo mundo" já pode saber que serei mãe e que apesar de parecer meio fora de órbita o bebê está ótimo e cheio de saúde, crescendo em sabedoria e graça para honra e glória do Senhor Jesus.

Sintetizando este turbilhão de emoções, encontrei conforto em Clarice Lispector quando disse: "Que medo alegre, o de te esperar."

A gravidez e seus mitos!


Todas as fases da vida do ser humano, principalmente da mulher, são um turbilhão de emoções e hormônios desde o nascimento. E tenho experimentado mais uma fase muito intensa, a primeira gestação, meu primeiro bebê. E com isso, tenho me surpreendido a cada dia com as novas sensações que estou vivenciado e também com o que tenho ouvido, uma das frases que mais ouço é: "você está feliz?" ou "você nem parece tão feliz assim". E, eu, cá com meus botões penso, isso não é gravidez de novela e muito menos filme de romance hollywoodiano. Mas, como já imaginava que isso iria acontecer e para evitar as receitas prontas e enlatados, tenho evitado conversas em torno da minha gravidez e tenho lido. Todavia é preciso selecionar o tipo de leitura, pois tem literatura e blogs na internet para todos os tipos de pessoas e sobre todos os assuntos.

Dia desses, em mais uma solitária investigação pela rede me deparei com um texto sobre "incômodos da gravidez", e o mesmo iniciava-se assim: "a grávida acaricia a barrigona numa casa arejada e clara. Cortinas brancas esvoaçantes revelam um jardim florido onde as crianças brincam. O marido ao lado observa com ares de regozijo aquele momento mágico em que mãe e filhos se conectam afetuosamente, ainda que não tenham se visto. Ah! A gestação: a melhor fase da… - PÓ PARÁ! Glamour de gestação é coisa de propaganda de creme hidratante preventivo de estrias! Quem foi que inventou que a gravidez é linda? Ou era homem ou não era mãe. Ou foi uma premiada da vida que não sofreu com nenhum dos incômodos da gravidez. A maternidade é assim: imperfeita, inacabada. Ainda que bela e divina, exatamente por isso. Não postamos sobre nossas falhas, mas buscamos no Google a fórmula mágica para lidar com cada uma delas." Eureka, é isso que estou sentido.

E, como sou um ser pensante, palavra mais bonita para descrever-me, pois não quero confessar aqui que sou preocupada, para não dizer preocupadíssima, o que mais tenho feito nos últimos quatro meses é refletir e ler sobre o milagre da concepção do ser humano. Vamos e convenhamos, analisando racionalmente, um espermatozoide une-se a um óvulo e este milagrosamente se transformará em 40 semanas em um ser humano, é inacreditável e inexplicável ao mesmo tempo. A isso damos o nome de MILAGRE! Entende-se por milagre a ação, o fato ou acontecimento que é impossível de explicar-se segundo as ciência naturais, atribuindo-se então o acontecido a um mover sobrenatural de ordem Divina, ou seja, a DEUS.

Depois da nidação, termo técnico para explicar que o óvulo foi fecundado no útero, o seu lindo bebê crescerá diariamente e paulatinamente, numa velocidade de foguete sendo lançado ao espaço. Assim também acontecerá com seu amor de mãe, o amor pelo meu filho, sim, é menino, está sendo construído dia após dia, e DEUS em sua infinita sabedoria nos dá nove meses para isso, para irmos nos preparando e nos acostumando com todas as inúmeras emoções e privações deste período. Ou seja, hoje amo muito mais o meu filho do que ontem.

Enquanto escrevo este texto pondero, sei que estou grávida pelas inúmeras transformações do meu corpo, mas ainda não sinto o bebê mexer, apesar de já ter lido que ele dá até cambalhotas dentro da minha barriga, portanto a interação com ele ainda é pequena, acaricio a barriga, de vez em quando converso um pouquinho, mas confesso que é difícil manter um diálogo com uma pessoinha que você nem viu até então. Porém, se tem uma coisa que tenho feito muito é clamar a misericórdia divina, brinco, que se você não crer em DEUS e nem em nada, começará a crer, pois mãe ora 24 horas por dia.

Portanto, não perguntem se a grávida está feliz, sim, ela está, sim estou, o meu bebê foi planejadíssimo, são 13 anos de casamento e 17 de relacionamento, até o dia que o bebê foi concebido eu sei, como diz Chapolin Colorado, tudo nos mínimos detalhes, então, me perdoem se não estou correspondendo às expectativas dos familiares e amigos, já que são inúmeras as novidades e infinitas as emoções, mas garanto, estou feliz, só que não preciso chorar e muito menos soltar uma caixa de foguetes cada vez que contar para alguém que estou grávida. E também não alcancei o pedestal da santidade por causa disso, continuo a mesma Érika de sempre, só que agora em outra etapa, pois que graça a vida teria se fosse uma eterna constante?

Outro dia, ouvi de uma querida, faça o que você quiser, do jeito que desejar, este momento é seu. É isto, apesar de tudo e do meu jeito, estou curtindo cada instante, cada mudança, cada dia, cada transformação.

Sei que a maior loucura que a maternidade vai me proporcionar é que todos os desconfortos deste período serão apagados da minha memória, dizem os mais antigos que mãe tem memória curta, ainda bem, né?

Diante disso, tudo parecerá lindo e mágico, para que um dia eu diga que tive saudades da gestação e possa colocar mais filhos no mundo.