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sábado, 8 de novembro de 2014

Acredito que algumas pessoas são muito mais felizes que eu!


A duas semanas tomei uma decisão, iria acessar o mínimo possível o Facebook, primeiro porque fiquei extremamente cansada com as manifestações sobre política e o preconceito escancarado de algumas pessoas que gosto e admiro nas últimas eleições, segundo porque a insistente "felicidade" ostentada por alguns me incomodava. Penso eu cá com meus botões, será inveja? Pode ser que sim, pode ser que não.

Identifiquei-me esta semana com uma crônica de Martha Medeiros, diz ela mais ou menos assim: "não sirvo de exemplo para nada, sou a miss imperfeita. Uma mulher como outra qualquer com suas rotinas diárias, uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão e ainda faço as unhas toda semana! E, entre uma coisa e outra, leio livros, assisto novelas, seriados, limpo, lavo e passo. Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic."

Sou tão comum, mas tão comum, que nada do meu dia-a-dia torna-se interessante ou relevante a ponto de merecer uma publicação na rede. Não sou rodeada de amigos, nem de família. Noventa por cento dos meus dias são o famoso arroz com feijão, ou seja, essencial, todavia sem grandes novidades, o mesmo de todo dia. Não vou a festas badaladas e muito menos frequento lugares da moda. O que sei do mundinho chique e das "celebridades" são acessados pela internet.

No meu aniversário não preciso fazer nada aqui em casa, pois não receberei nenhuma visita surpresa, também não vou de surpresa a casa de nenhum querido, por mais íntima que seja, prefiro saber se a pessoa pode e quer me receber para preparar-se antes.

Mesmo tendo esta vidinha tão comum, sou feliz, sim, feliz! Com a vida que construí dignamente, com meu casamento, com meu trabalho. Ou felicidade não é isso?

Novamente Martha Medeiros descreve o que sinto: "a sua felicidade não é a minha, e a minha não é a de ninguém. Não se sabe nunca o que emociona intimamente uma pessoa, a que ela recorre para conquistar serenidade, em quais pensamentos se ampara quando quer descansar do mundo, o quanto de energia coloca no que faz, e no que ela é capaz de desfazer para manter-se sã. Toda felicidade é construída por emoções secretas. Podem até comentar sobre nós, mas nos capturar, só se permitirmos."

Corroborando a fala acima, no livro "Agora Deus vai te pegar lá fora" de Carlos Moraes, há um trecho em que uma mulher ouve a seguinte pergunta de um major: "Por que você não é feliz como todo mundo?". A que ela responde mais ou menos assim: "Como o senhor ousa dizer que não sou feliz? O que o senhor sabe do que eu digo para o meu marido depois do amor? E do que eu sinto quando ouço Vivaldi? E do que eu rio com meu filho? E por que mundos viajo quando leio Murilo Mendes? A sua felicidade, que eu respeito, não é minha, major".

3 comentários:

Anônimo disse...

Que maravilha!!!!!!!!! Marina Spínola

Anônimo disse...

Amei seu texto!!! Abraços! Cláudia Sapavini Tupperware

Anônimo disse...

Adorei! Adoro seus textos. Márcia Lins Monteiro