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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Hoje eu acordei triste, tristinha...


Hoje eu acordei triste, como diz a música do talentosíssimo Zeca Baleiro, “eu tava triste, tristinho, mais sem graça que a top-model magrela na passarela, eu tava só, sozinho, mais solitário que um paulistano...”

Confesso que levantar foi um sacrifício, sinceramente, este ano, foi um ano intenso, com muitas novidades, algumas muito boas, para não dizer, excelentes e outras ruins. E todos os dias que fico assim, cabisbaixa, sou tomada por um remorso, uma vergonha; penso, tenho saúde, casa limpinha, cama gostosa, família constituída e sólida, bom emprego e como posso estar assim?

Continuando com as reflexões, antes mesmo de levantar, lembro das milhares de pessoas a minha volta com problemas gravíssimos, e, mesmo sabendo disso, da realidade nua e crua do mundo a minha volta, a semente da tristeza, continua lá. Mas, por que este sentimento vira e mexe aparece no meu coração? Sinceramente, não sei e não gosto, para mim estas tristezas do nada têm gosto de ingratidão. Enfim, hoje não teve jeito, tive preguiça de levantar e fazer o que faço todos os dias, tomar banho e me arrumar para o trabalho, por exemplo, e quando estou assim, borocoxô, é fácil de notar, não me enfeito, nada de brinco, anel, colares, pulseiras, maquiagem, simplesmente visto a primeira roupa que vejo e saio de casa arrastada.

Vivemos uma época em que ser feliz é uma obrigação – os tristes são indesejados, e normalmente as pessoas não toleram tristeza, “nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra,” já dizia Martha Medeiros.
 
A verdade é que acordei triste hoje e mesmo assim está tudo bem. "Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente.”

“Francamente, tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem por isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos.”

(os trechos em aspas são de autoria de Martha Medeiros)


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